quinta-feira, 29 de abril de 2010

Hoje evoco as cores


Hoje evoco as cores:

Vem a mim que sou mosaico,

Vem a mim que sou embaraço,

Derrama-me os mistérios colorantes.

Só não quero ser sofrimento,

Quero a presença do firmamento,

A nuança da tão sofrida dor.

O verde se faz presente ao vento, nature.

Amarelo-sol, ilumina o meu dia.

O sangrento vermelho, carne e euforia.

Ai, o menino rosa, concretiza alegria.

Ao somar se faz o branco, um.

Luz, sereno.

Vem a mim que sou embaraço,

Vem a mim que sou mosaico,

Hoje evoco as cores.

Barra Grande



Ser depois de vir do mar,

É tarefa de arrebentar o juízo.

Inadequado dentro do que seria conveniente,

Dentro do sereno samba resido.

Debruçar sobre o nada.

E ao amanhecer, sentir florescer,

O doce jardim de ondas verdejantes.

O 'discarado' flutua solitário,

Visto que do raso abrange.

Como podes na grande barra da imensidão do mar,

Trazer a saudade em seu cantarolar?

Aqui é terra de gente escondida.

Em meio a rede, areia, água e sal,

No mais é doce.

Subtrair o concreto é escapar do vazio.

Chacoalha, chacoalha.

E na metáfora da viagem sem volta,

Insaciável ser inacessível.

Mas deixo o meu samba,

Como semente para evolução.

Sutil, ela sobe em mim,

E me toma como tua, o mar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010




Um dia liberto-me,
Num futuro mais-que-perfeito.
Um dia ainda conquisto esse querer.
Hoje, esse querer de tantos quereres,
Só quer você.

Na varanda vazia ainda há o soar de seu tom,
Meu pandeiro chora um tambor tresmalhado,
Da cama, seu suor não se desprende,
No copo, a saliva doce se estende.

Ainda é acesa a chama do amor.
Meu corpo ainda tem seu calor.
E o choro orquestral se apresenta.

Esse amor que não tem liberdade,
Esse beijo que não pode ser flor,
Essa flor que não desabrochou,
Esse fruto que pecou.

Eu me vejo arredia,
Diante do iliberto, que não se desprende.
E não permite o permitir.

Não sei se vou ou se faço,
Não sei se desfaço ou se fico.
Você não permite.
É como no mar que estar presente toda água doce.

É a água que é ar.
É o ar que é ser.
É o ser que é.
É, existo.
Um dia liberto-me.


Chego em mim,

Me vejo indo.

Busco-me,

Me repugno.

Sinto meu abraço, suave.

Me encontro,

Entro no labirinto.

Me perco.

Sinto meu beijo, lúbrico.

Me acho.

Sinto meu cheiro, doce.

Em mim amanheço,

Tardo,

Anoiteço.

É meu inquerer tecnicar.

Em meio ao lirismo artístico,

Faço minha performance, atuo.

Posto um protagonista,

Verdadeira mentira.

Enquanto meus pés ela esmagam,

Meu coração voa e resvala,

Na verdade infinda do sentir sem falar.

É puro samba.