Primavera.
Era entre as flores que a princesa dos olhos de mel habitava, naquele céu de tarde Conquistense. Pela nuance de belos coloridos em 180 graus, ela sentia que aquela tarde azul, em meio a tantos formosos pássaros que se desabrochavam nos vasos de barro, seria especial. Ela sabia disso.
E baseado no testemunho dos sentidos, põe-se ao seu alcance o encantado jardim. A princesa não conseguia discernir que sentimento era, pois, aquele. O jardim era possuidor de um olhar tão abarcante e lascivo, e detentor do mais belo sorriso que ela tivera o deleite de presenciar. O coração dela arremessava pulsões que a mesma não conseguia um controle furtivo.
Dias de olhares, de desejos reprimidos. A sensação de júbilo já podia ser sentida por ambos. Mas eis que a conjunção fazia-se proibida. O jardim era cercado e logo no outro dia se foi. Faltou-lhe nitrogênio e seu órgão apendicular, geralmente verde, constituído por uma lâmina (limbo), sustido por um pedúnculo (pecíolo), que se desenvolve nos ramos e no caule das plantas, e no qual se processa a elaboração da matéria nutritiva pela fotossíntese, amarelava-se.
Dias depois, o contato foi restabelecido entre o jardim e a princesa. Seus sentimentos oscilavam entre concupiscência e a sensação desagradável ou penosa, causada por um estado anômalo do organismo ou parte dele.
Mas ela não queria apenas o anseio do apetite carnal. O contato se edificara virtual. E seu desejo o era porque se fazia proibido. Tudo se embaraçava. Observe você que a palavra amor não se fizera presente, ela não podia senti-lo, visto que o era e não queria deixar de sê-lo. A princesa não queria se entregar ao limiar da dor, do encarnado profano. Amor é transgredir, fazer-se humano.
Um dia o jardim descercou-se, permitindo-se florescer. Quis pra si aquela linda princesa, que ainda mais desordenada, não sabia mais o que queria, nem se já o quis um dia.
E numa tarde cintilante a princesa se liquefez em AR.:
Sentimento descabido,
Profecia prometida,
Do mais ardente desejo proibido.
Que quando se faz vencido,
Torna-se um inquerer.
Sentimento incontestável,
Um me ter ilegal.
Seduz o prazer carnal.
E quando se faz presente,
O fogo que arde dentro da gente,
Faz-se um romance teatral.
Não quero o sentir desigual.
Fatalidade ruída do profano.
Quero o amor no seu mais sublime plano,
Tão direto e acidual.
Quero flutuar,
Em belas flores acordar,
Descerrar o mais belo olhar,
Gritar: - entra amor, é são.
E assim a princesa deliberou-se em plantar seu próprio jardim. Eis que um dia ela colhe. Ele há de florescer.
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